sexta-feira, 25 de novembro de 2011

sábado, 27 de agosto de 2011

Lançamento: Borboletas no aquário


              I



Mantinha borboletas


No aquário.

 
Sentava-se próximo


Com as mãos no rosto


Espalmadas


E tecia um fio de tempo


(Só seu)


A admirar, através da transparência

Das cortinas,

Um bale de cores

Que reverberavam, reverberavam...


               II




Mantinha borboletas


No aquário


O silêncio a balbuciar-lhe


Regozijos de naufrágios...






Mas, quando as mãos insensíveis


Não pressentiram mais as cores


E a visão turva admitiu


Guelras na fala


Ao fio partido


Gritou


Ah, gritou!






Suspensos ao eco


Todos os mares não desbravados!






              III

 


Uma chuva fina e persistente


Lambia os alicerces do passado


Quando fez o que, há tempos, cogitava:






- Mirou o ponto luminoso no teto de tudo


- Guardou os álbuns de todas as renúncias


  Na gaveta do armário


- Fez par com a vida, num beijo inusitado


- E, finalmente, convicto, quebrou o aquário.


























Borboletas no aquário

                                                               
O lançamento do meu novo livro "Borboletas no aquário" acontecerá no dia 02 de setembro, às 21:00h no Clube Literário e Recreativo de Sertãozinho, Rua Aprigio de Araújo - 930.
A belíssima capa é criação do grande artista plástico sertanezino Vicente Cornetta.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ELEIÇÃO ASEL

                          Membros da Academia Sertanezina de Letras - ASEL


A Academia Sertanezina de Letras - ASEL, em reunião realizada no dia 06 de julho de 2011, escolheu, através do voto, secreto conforme prevê o Estatuto Social, três novos membros efetivos: Marcos Favaretto, Joana D'arc Tobias Vieira e Thiago Antonio Quaranta. Três candidatos não conseguiram a maioria absoluta dos votos.

quinta-feira, 31 de março de 2011

O preço do poema

                         I


Quanto vale o poema:

- nas frentes de batalha

- nas perdas irreparáveis

- na solidão que a alma talha?



Quanto vale o poema:

- aos nossos filhos drogados

- aos órfãos do destino

- aos desenganados?



O poema faz seu preço

ou o preço do poema

pelo tamanho da fome

é estipulado?



Quanto vale o poema:

- nas filas dos hospitais

- nas mutilações dos sonhos

- nas nossas guerras pessoais?



Quanto vale o poema:

- aos idosos desrespeitados

- às minorias esquecidas

- aos amantes desregrados?



O poema faz seu preço

ou deveras

estou enganado?



                     II


Quanto nos cobra o poema:

- por uma sinfonia de metáforas

- por uma visitação à alma

- por um deslumbre de voos?


Ou desapegado da matéria

doa-nos, ele, complacente

as suas inefáveis asas?


O preço do poema, senhores

é o poeta quem paga!











































quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Metáforas do descaso

                                           Cecília Meireles
                                                   imagem google


Opressoras palavras

que mal (ditas)

reverberam falácias:

- quanto vale uma corrompida

metáfora?



Opressora desigualdade

estampada nas crônicas

dos viadutos

nos cárceres das calçadas:

- quem acalentará os sonhos

ah, inevitável alvorada!



Opressora discriminação

pelo silencioso véu legalizada:

- mas, noite e dia não são adornos

de um único céu?



“Não sou alegre

nem sou triste...”



E no deserto da indiferença

entre opressores e oprimidos

a poesia, simplesmente,

resiste...



Poema vencedor do Prêmio Literário Ziraldo
10a Feira do Livro de Ribeirão Preto/SP
Mário Massari