sábado, 27 de agosto de 2011

Lançamento: Borboletas no aquário


              I



Mantinha borboletas


No aquário.

 
Sentava-se próximo


Com as mãos no rosto


Espalmadas


E tecia um fio de tempo


(Só seu)


A admirar, através da transparência

Das cortinas,

Um bale de cores

Que reverberavam, reverberavam...


               II




Mantinha borboletas


No aquário


O silêncio a balbuciar-lhe


Regozijos de naufrágios...






Mas, quando as mãos insensíveis


Não pressentiram mais as cores


E a visão turva admitiu


Guelras na fala


Ao fio partido


Gritou


Ah, gritou!






Suspensos ao eco


Todos os mares não desbravados!






              III

 


Uma chuva fina e persistente


Lambia os alicerces do passado


Quando fez o que, há tempos, cogitava:






- Mirou o ponto luminoso no teto de tudo


- Guardou os álbuns de todas as renúncias


  Na gaveta do armário


- Fez par com a vida, num beijo inusitado


- E, finalmente, convicto, quebrou o aquário.


























Nenhum comentário:

Postar um comentário